Bolsonaro levou desgaste para a Lava Jato, diz ex-procurador
O ex-procurador regional da República Carlos Fernando do Santos Lima afirmou hoje que enxerga um desmonte da Lava Jato em um "pacto nacional de estabilização política" em que Executivo, Legislativo e Judiciário "estão desmontando todo o combate a corrupção".
Em entrevista ao canal pago CNN, Lima disse que a eleição de Jair Bolsonaro (sem partido) está entre as causas desse processo: "A eleição dele trouxe muito desse desgaste para a Operação Lava Jato". Para o ex-procurador, o presidente "jamais empunhou a bandeira efetiva do combate à corrupção".
Como exemplos dessa ofensiva, o procurador citou a falta de apoio no governo ao ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sergio Moro; a saída do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) do Ministério da Justiça; aprovação de medidas que, segundo Lima, dificultam investigações; e a escolha de Augusto Aras para chefiar a Procuradoria-Geral da República. "Aras pode estar interessado na cadeira do Supremo. Ele tem que agradar não só o presidente da República como os parlamentares", opinou.
O ex-procurador negou que a operação tivesse motivações políticas e atingiu executivos e políticos de diversos partidos. Segundo Lima, ao reconhecer que a investigação avançaria sobre outros grupos que não o PT, o sistema se organizou para reagir. "Estávamos investigando como a política se financia no Brasil. A política se financia de jeito ilícito, dinheiro de caixa dois e também de corrupção. Seja de 'rachadinha' ou corrupção clássica, tudo é corrupção", afirmou.
Questionado se a Lava Jato não avançava sobre políticos paulistas, Lima afirmou que, em São Paulo, a força-tarefa "começou tarde e foi desmantelada cedo demais", em um processo "que vem de Brasília, imposto pela PGR, e de certa forma por alguns ministros do Supremo Tribunal Federal".
Ele ainda alfinetou o ministro do STF Gilmar Mendes: "Pergunta para o Gilmar Mendes porque a Lava Jato de São Paulo não vai para a frente". Em agosto, Mendes suspendeu a ação penal aberta pela operação contra o senador tucano José Serra e sua filha, Verônica.
Lima também comentou a demissão coletiva de integrantes da força-tarefa em São Paulo. Na quinta (3), sete procuradores do grupo renunciaram seus cargos. Na mesma semana, Deltan Dallagnol, do Paraná, também deixou a operação. Para o ex-procurador, os colegas estão sendo perseguidos e não se pode exigir deles um sacrifício pessoal.
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