Acusados de matar Marielle e Anderson são transferidos para Bangu
O policial militar reformado Ronnie Lessa e o ex-PM Élcio Queiroz, acusados pelo Ministério Público do Rio de Janeiro dos assassinatos da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, deixaram a Delegacia de Homicídios da Capital, na Barra da Tijuca, às 17h47 de hoje. Eles são conduzidos para o presídio de Bangu, na zona oeste carioca, onde aguardarão transferência para um presídio federal.
Eles estavam detidos na Delegacia de Homicídios desde terça-feira (12), quando foram presos. Os acusados permaneceram na unidade policial para prestar depoimentos em dois inquéritos --sobre os assassinatos e sobre a posse ilegal de armas de uso restrito.
Ambos permaneceram em silêncio durante interrogatório hoje sobre o caso Marielle.
A Justiça do Rio informou hoje ter recebido a denúncia contra os acusados --com isso, ambos se tornam réus em ação penal por duplo homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, emboscada e recurso que dificultou a defesa da vítima), tentativa de homicídio contra a assessora da parlamentar que sobreviveu e também por crime de receptação.
Na decisão, o juiz Gustavo Kalil, do 4º Tribunal do Júri do Rio, autorizou ainda, em caráter urgente e liminar, o pedido de transferência dos acusados para estabelecimento penal federal de segurança máxima, a ser indicado pelo Depen (Departamento Penitenciário Nacional).
Também foi determinado o arresto de todos os bens móveis e imóveis em nome dos Ronnie e Élcio --a Promotoria justifica que a medida foi encaminhada para garantir indenização às famílias das vítimas.
O que diz a defesa dos réus
O advogado de Élcio Queiroz, Henrique Telles, disse hoje que não teve acesso aos autos do inquérito. Telles afirma que o ex-PM tem um álibi, mas que só revelará em juízo para não atrapalhar a estratégia da defesa.
"A defesa está que nem marido traído: é a última a saber das coisas. Então, na medida do possível, a gente está tomando pé da situação. Já ingressei com um pedido para ter acesso irrestrito aos autos. Ainda não foi deferido. Esse processo está correndo em sigilo e, à medida que tomarmos ciência da situação, vamos tomar as medidas cabíveis", afirmou o advogado de Queiroz.
Telles também afirmou que é contrário à transferência de seu cliente para um presídio federal --ele informou que tomará as medidas para reverter a decisão. O advogado ainda classificou as provas coletadas pela polícia e pelo MP como "indiciárias".
Sobre o fato de o policial reformado também ter se tornado réu, o advogado de Lessa, Fernando Santana, afirmou que vai "fazer o procedimento jurídico, apresentar a defesa prévia, dar continuidade ao processo e ver quais são as peças jurídicas que nós vamos apresentar".
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