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Lava Jato do Rio procura doleiros suspeitos de elo com Cabral em São Paulo

O ex-governador do Rio, Sérgio Cabral (MDB) - Fábio Motta/Estadão Conteúdo
O ex-governador do Rio, Sérgio Cabral (MDB) Imagem: Fábio Motta/Estadão Conteúdo

Gabriel Sabóia

Do UOL, no Rio

20/03/2019 10h44

Mandados de prisão expedidos pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, estão sendo cumpridos na manhã de hoje na cidade de São Paulo contra quatro doleiros em uma nova fase da Operação "Câmbio, desligo", um desdobramento da Lava Jato fluminense.

Os procurados para prisão preventiva em solo paulistano são Nissim Chreim e Thania Nazli Battat Chreim. Um mandado de prisão temporária foi expedido contra Jonathan Chahoud Chreim. Sergio Guaraciba Martins Reinas foi preso em casa [também havia mandado de prisão preventiva contra ele]. O UOL tenta contato com as defesas dos suspeitos.

Sete mandados de busca e apreensão nas casas dos citados e em endereços comerciais também estão sendo cumpridos. Alguns materiais apreendidos foram levados para a sede da Polícia Federal em São Paulo.

De acordo com o MPF (Ministério Público Federal), eles teriam feito parte da organização criminosa liderada pelo ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (MDB) e teriam participado dos crimes de evasão de divisas, lavagem de dinheiro e corrupção. Preso desde novembro de 2016, Cabral soma nove condenações, cujas penas totalizam 198 anos e seis meses.

Na primeira fase da Operação "Câmbio, desligo", em maio de 2018, foram presas 30 pessoas suspeitas de terem movimentado R$ 1,6 bilhão em 52 países.

A participação dos doleiros no esquema, de acordo com a decisão do MPF, foi revelada durante delações premiadas feitas por Vinícius Claret, conhecido como Juca Bala, e Cláudio Fernando Barbosa, o Tony --também doleiros presos pela Lava Jato por associação à organização criminosa comandada por Cabral.

No mês passado, Cabral admitiu, pela primeira vez em depoimento a Bretas ter recebido propina durante o período em que foi governador do Rio. Ele apontou seu ex-secretário da Casa Civil Régis Fichtner como o coordenador dos esquemas de recebimento de propina. Aos procuradores, Cabral disse estar "aliviado" ao revelar o esquema.

As participações no esquema

De acordo com o MPF, a quadrilha alugava salas comerciais com cofre, alarme, portas blindadas e controle de acesso para armazenar os recursos oriundos de operações ilícitas. A fraude também envolvia a custódia de valores em transportadoras.

Os doleiros alvos desta nova fase, ainda de acordo com o pedido de prisão, atuavam junto aos colaboradores Clarer e Tony.

A delação de Tony apontou que Reinas, preso hoje, teria movimentado R$ 37 milhões entre 2011 e 2014 --em parte desse período, ele teria sido sócio do doleiro Lúcio Funaro, ligado ao MDB. As investigações mostram que Reinas fazia a compra e venda de dólares e que usava uma conta de giro para trocar cheques e pagar boletos fornecidos pelos outros integrantes da quadrilha.

Já Nissim Cherim, conhecido como "Miojo", teria movimentado R$ 22 milhões entre 2011 e 2016, de acordo com as delações. Ele e a mulher, Thania Cherim, também seriam beneficiários de off shores no exterior não declaradas à Receita Federal.

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