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Caso Marielle

Após missa, Freixo diz esperar que caso Marielle barre milícias na política

Gabriel Sabóia

Do UOL, no Rio*

14/03/2019 14h07

Na missa que marcou um ano sem a vereadora Marielle Franco (PSOL) e o motorista dela, Anderson Gomes, parlamentares filiados ao partido da vereadora cobraram informações sobre os possíveis mandantes do crime.

O deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ), com quem Marielle trabalhou por mais de dez anos em seu gabinete, disse hoje que só se dará por satisfeito quando as autoridades fluminenses divulgarem o porquê dos assassinatos e quais são os reais vínculos dos suspeitos com grupos políticos e paramilitares.

A deputada estadual Renata Souza (PSOL), que trabalhava no gabinete de Marielle na Câmara do Rio, afirmou que a vereadora foi vítima de um "feminicídio político".

Para Freixo, a emboscada à vereadora foi causada pela velha política que persiste no Rio. De acordo com o deputado que presidiu a CPI das Milícias na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), as prisões do policial militar reformado Ronnie Lessa (apontado como autor dos disparos que mataram Marielle e Anderson) e do ex-PM Élcio Queiroz (acusado de ser o motorista do veículo) não elucidam o principal mistério que envolve o caso: por que queriam a morte de Marielle?

Quem matou Marielle não é quem apertou o gatilho. Quem matou é quem mandou matar. Quem é que pratica a violência como forma de fazer política? Essa é a pergunta central.

Marcelo Freixo, deputado federal (PSOL-RJ)

"As investigações do caso Marielle revelaram problemas antigos e estruturais do Rio. Que a morte sirva para que nunca mais a política seja alimentada por milícias, que grupos criminosos deixem de ser protegidos pela segurança pública do estado", completou o deputado que vive sob escolta em razão de ameaças de morte que partiriam de grupos paramilitares.

Já a deputada Renata Souza lembrou que o suspeito de ser o motorista do veículo usado para o crime era filiado ao Democratas e que isso indica motivação política. Após a prisão, o partido expulsou o ex-PM Élcio Queiroz.

Marielle é vítima de um feminicídio político. Uma mulher morta covardemente pelas pautas que defendia. A política feita desta maneira é sempre danosa e, a esta altura, não há muitas dúvidas de que há essa motivação.

Renata Souza, deputada estadual (PSOL)

De acordo com o Ministério Público do Rio, os acusados estudaram o cotidiano da vereadora e manifestavam ódio por pautas de esquerda e defensores dos direitos humanos.

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Afastamento de delegado ajuda, diz Freixo

Freixo também avaliou que o afastamento do delegado Giniton Lages das investigações será positivo para a resolução do caso. Lages foi convidado a fazer um intercâmbio na Itália e um outro delegado deverá assumir a segunda fase da apuração, que buscará apontar o mandante do crime.

"Acho que ajuda [o afastamento de Lages] porque foram muitos erros que a Polícia Civil cometeu neste ano para chegar até aqui", afirmou Freixo, na Igreja da Candelária. "Um ano para chegar em quem atirou é um tempo inaceitável; que bom que chegou, mas eu acho que agora, com um novo governo, temos uma nova diretriz para a polícia, é normal que tenhamos novas relações de confiança."

Ao longo da investigação, Giniton Lages foi acusado de pressionar suspeitos para confessarem sua participação no assassinato da vereadora. Foi por causa dessa acusação, inclusive, que a Procuradora-Geral da República, Raquel Dodge, determinou, em novembro passado, que a Polícia Federal apurasse se havia alguma interferência de autoridades policiais na apuração do crime, instituindo o que se chamou de "a investigação da investigação".

*Com informações do Estadão Conteúdo

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