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Caso Marielle

Veja pistas que tornaram Brazão suspeito nº 1 de ordenar morte de Marielle

A vereadora Marielle Franco foi assassinada no dia 14 de março de 2018 - Márcia Foletto/Agência O Globo
A vereadora Marielle Franco foi assassinada no dia 14 de março de 2018 Imagem: Márcia Foletto/Agência O Globo

Flávio Costa

Do UOL, em São Paulo

03/09/2019 04h01

O pedido da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) para "apurar indícios de autoria intelectual de Domingos Brazão" no assassinato de Marielle Franco reforça as informações exclusivas reveladas pelo UOL que colocam o conselheiro afastado do TCE-RJ (Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro) como o suspeito número 1 de ser o mandante da morte da vereadora.

A decisão do STJ que determinou que a Justiça do Rio conceda à PGR acesso aos autos pode resultar na federalização do inquérito: na prática, a investigação ficaria a cargo da PF (Polícia Federal) sob a supervisão de Dodge, retirando-a das mãos estaduais da Polícia Civil e do Ministério Público do Rio.

Brazão é suspeito não só de ordenar o atentado, como também de usar a estrutura do seu gabinete para obstruir a investigação sobre o caso. Veja a cronologia de reportagens que levaram à suspeita sobre ele:

domingos brazão - Fabiano Rocha / Agência O Globo - Fabiano Rocha / Agência O Globo
O conselheiro do TCE e ex-deputado Domingos Brazão está na mira de Raquel Dodge
Imagem: Fabiano Rocha / Agência O Globo
Quando as mortes de Marielle e do motorista Anderson Gomes completaram um ano, O UOL revelou a existência de infiltrados da milícia na DH da Capital (Delegacia de Homicídios do Rio).

A PF analisava oito inquéritos de assassinatos cuja autoria remetia à disputa de milicianos e do jogo do bicho e que não foram solucionados pelo órgão da Polícia Civil do Rio de Janeiro.

Cinco dias depois, um personagem entrou no radar da PF: o conselheiro afastado por corrupção do TCE-RJ e e ex-deputado estadual Domingos Brazão. Ele foi alvo de um mandado de busca e apreensão em sua casa.

Já no dia seguinte, a suspeita sobre a atuação de Brazão, que sempre negou qualquer participação no crime, subiu de patamar. Trecho do inquérito da PF apontava o político como um dos possíveis mandantes do crime:

Segundo Domingos Brazão - Bruno de Lima/Estadão Conteúdo - Bruno de Lima/Estadão Conteúdo
Ex-deputado Domingos Brazão nega envolvimento com a morte de Marielle
Imagem: Bruno de Lima/Estadão Conteúdo
Em paralelo surgiram mais indícios de que havia algo de errado com a condução do Caso Marielle pela DH da Capital. Fontes do UOL informaram que a PF tinha encontrado provas de corrupção por policiiais que trabalham na delegacia:

A investigação jornalística avançou com a suspeita de enriquecimento ilícito do PM Ronnie Lessa, acusado de ser o atirador da emboscada, os motivos que levaram o PM Rodrigo Jorge Ferreira a mentir sobre os mandantes do crime, e as novas estratégias usadas pela DH e pelo MP-RJ para tentar solucionar o caso antes que Dodge conseguisse federalizar a apuração.

marielle franco - Taís Vilela/UOL - Taís Vilela/UOL
Ato no Rio de Janeiro marcou um ano dos assassinatos de Marielle Franco e Anderson Gomes
Imagem: Taís Vilela/UOL
O acesso exclusivo às escutas telefônicas da investigação mostrou uma ligação entre milicianos do Escritório do Crime e a família Brazão. Chama a atenção, neste ponto específico, que o MP-RJ não citou essas conversas quando denunciou o grupo criminoso na Operação Intocáveis. Estas conversas poderiam, por exemplo, justificar a federalização do caso, já que Brazão tem foro no STJ por integrar o TCE-RJ:

Uma nova luz sobre a demora da DH da Capital em concluir a investigação do Caso Marielle veio com a publicação do depoimento do PM Rodrigo Jorge Ferreira, em que ele confessa que levou dinheiro de suborno para policiais da delegacia.

Exatos 538 dias já se passaram desde as mortes de Marielle Franco e Anderson Gomes, e a Polícia Civil e o Ministério Público ainda não descobriram quem mandou matá-los.

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