PSOL vê "risco real" de influência de Bolsonaro no caso Marielle
Resumo da notícia
- Partido de Marielle quer que o caso continue com o Ministério Público do RJ
- PSOL teme que, com federalização, Bolsonaro interfira nas investigações
- Sigla também critica pedido de Bolsonaro para Moro usar PF: "não é polícia política"
O PSOL defende que a investigação do assassinato da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL) não seja federalizada e continue com o MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro). O presidente nacional do partido, Juliano Medeiros, diz acreditar em riscos de ingerência do presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), na investigação caso ela vá para nível federal.
"É um risco", falou Medeiros em encontro com a imprensa hoje em São Paulo. "Jair Bolsonaro já demonstrou que tem disposição para interferir em investigações que envolvem a sua família". Para ele, "não seria nenhuma novidade que houvesse, por parte do presidente Jair Bolsonaro, algum tipo de iniciativa que pudesse atrapalhar as investigações. Acho isso muito grave. É um risco real". Bolsonaro, no entanto, nega envolvimento no caso.
Ontem, reportagem da TV Globo relatou o depoimento à Polícia Civil do Rio de um porteiro do condomínio em que Bolsonaro tem residência na capital fluminense. Um suspeito de ter assassinado a vereadora e o motorista Anderson Gomes pediu para ir à casa de Bolsonaro no dia do crime. Registros da Câmara Federal, porém, apontam que o então deputado federal estava em Brasília em 14 de março de 2018.
Segundo Medeiros, a bancada do partido no Congresso solicitou uma audiência com o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Dias Toffoli, para que pleitear que as investigações sigam com o MP-RJ. O partido ainda não teve retorno do ministro sobre o encontro.
Medeiros também pede que a Corte fique atenta "a qualquer possibilidade de intervenção por parte do governo federal".
O presidente do PSOL avalia que a federalização, nesse momento, poderia atrapalhar ou interromper as investigações sobre o assassinato. "Não faria sentido qualquer tipo de iniciativa que pudesse significar um retrocesso", disse. "O que a gente quer é que esse trabalho [do MP] seja concluído."
Medeiros diz que, hoje, o que é investigado não é Bolsonaro, mas o assassinato de Marielle. "Agora, claro, se houver qualquer algum tipo de envolvimento comprovado do presidente Bolsonaro, a gente sabe que tem que ser conduzido pelo Supremo."
O PSOL evita, neste momento, ligar o presidente ao crime, mas que, agora, tem uma "informação oficial" que aproxima a família de Bolsonaro das investigações. "Temos um depoimento que está dentro do processo", pontuando que o partido "jamais estimulou qualquer tipo de ilação".
Em razão da reportagem, o presidente indicou que falou com o ministro da Justiça, Sergio Moro, para que o porteiro preste depoimento à PF (Polícia Federal). Moro está em Quito, no Equador, para uma reunião de ministros de Segurança Pública das Américas. Ele ainda não se manifestou sobre a ordem de Bolsonaro para que a PF ouça o porteiro.
Medeiros repudiou a fala de Bolsonaro sobre possível uso da instituição. "A Polícia Federal não é polícia política". Por enquanto, o PSOL irá observar se a fala de Bolsonaro não passa de uma "bravata". Caso contrário, serão adotadas medidas jurídicas.
Após a divulgação do caso, Bolsonaro fez críticas à imprensa, em especial a TV Globo, e ao governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), seu ex-aliado. Para Bolsonaro, Witzel teria vazado informações à imprensa.
Witzel e Globo já rebateram as críticas do presidente da República. O governador diz que foi "atacado injustamente". Bolsonaro, por sua vez, também negou envolvimento no assassinato de Marielle.
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