Topo

Poluição faz 6 das 7 espécies de tartarugas marinhas engolirem plástico

Em Sydney

12/08/2013 16h47

Ameaçadas de extinção, as tartarugas-verdes estão ingerindo mais do que nunca detritos industriais, incluindo produtos plásticos, potencialmente letais para os quelônios, alertou um novo estudo australiano.

Estas majestosas tartarugas estão significativamente mais propensas a engolir plástico do que nos anos 1980, demonstrou o estudo, publicado no periódico Conservation Biology.

A pesquisa se baseou na revisão da literatura científica publicada desde 1985 sobre a ingestão por tartarugas de resíduos produzidos pelo homem no oceano.

Os resultados demonstraram que seis das sete espécies existentes de tartarugas marinhas no mundo ingerem lixo e que todas as seis são listadas como vulneráveis ou ameaçadas de extinção globalmente.

"Nós descobrimos que, para as tartarugas-verdes, a probabilidade de ter ingerido resíduos quase dobrou nos últimos 25 anos", explicou a principal autora do estudo, Qamar Schuyler, da Universidade de Queensland. "Especificamente no caso das tartarugas-verdes, parece que elas estão realmente comendo mais resíduos do que antes", acrescentou.

O estudo revelou que a probabilidade de uma tartaruga-verde, que pode crescer até 1,5 metro e viver 80 anos, ingerir resíduos saltou de cerca de 30% em 1985 para quase 50% em 2012.

Segundo a pesquisa, está claro que desde que os primeiros dados foram registrados, mais de cem anos atrás, a quantidade de resíduos ingerida por outra espécie, a tartaruga-de-couro, também aumentou.

No entanto, entre 1985 e 2012, a ingestão de resíduos por esta espécie tinha se mantido estável.

Produtos plásticos comidos pelas tartarugas e outras criaturas marinhas podem ser letais, matando os animais ao bloquear seus estômagos e deixá-los famintos ou ao perfurar seus intestinos.

Schuyler explicou que os plásticos ingeridos também podem liberar toxinas no organismo do animal, seja pelos compostos químicos contidos nos plásticos ou por substâncias absorvidas enquanto estiveram flutuando no oceano.

"O animal pode não morrer disso logo em seguida, mas pode haver impactos em seu ciclo reprodutivo, e isso tem consequências de longo prazo", afirmou.

Schuyler, aspirante a doutoranda, disse que os dados demonstraram que as tartarugas com grande quantidade de plástico no organismo não foram encontradas necessariamente nos locais mais poluídos ou populosos.

"Então, isso significa que estão ingerindo esses resíduos habitualmente em outro lugar distante", disse, acrescentando que é preciso haver uma resposta global para enfrentar o problema.

"O que realmente precisamos fazer é um movimento em larga escala para impedir que os resíduos cheguem aos oceanos", acrescentou.

A pesquisa, que se baseou em 37 estudos publicados entre 1985 e 2012 com dados coletados de antes de 1900 até 2011, revelou que as tartarugas de quase todas as regiões do globo ingeriram resíduos, mais comumente plástico.

"Nossos resultados mostram claramente que a ingestão de resíduos por tartarugas marinhas é um fenômeno global de magnitude crescente", destacou.