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Caranguejos e lagostas sentem dor, revela estudo britânico

Em Paris

17/01/2013 12h03

Caranguejos e lagostas, crustáceos que costumamos jogar em água fervente para cozinhar, não têm a capacidade de implorar por suas vidas ou gritar, mas eles conseguem sentir dor, afirma estudo publicado no periódico Journal of Experimental Biology.

"Bilhões de crustáceos são capturados ou criados para atender à demanda da indústria alimentar. Em comparação com os mamíferos, eles não gozam de quase nenhuma proteção sob a única presunção de que não podem sentir dor. Nossas pesquisas sugerem o contrário", resumiu Bob Elwood, biólogo da Universidade Queen's, em Belfast, no Reino Unido.

Sua última experiência demonstrou como o caranguejo-verde se dispõe a abrir mão daquilo que lhe é mais caro - um abrigo escuro - para evitar sentir a dor de um choque elétrico.

Noventa caranguejos-verdes (Carcinus maenas), uma das espécies mais comuns das praias europeias, foram mergulhados em um aquário com dois abrigos escuros, onde alguns sofreram um primeiro choque. 

Mais tarde, quando os caranguejos foram colocados no aquário, a maioria deles retornou espontaneamente ao buraco escuro que tinham escolhido previamente como domicílio. As vítimas da primeira experiência levaram um segundo choque.

Assim que foram introduzidos no aquário pela terceira vez, a maioria dos caranguejos previamente eletrocutados desistiram do buraco onde levaram o choque, enquanto os outros caranguejos se reinstalaram tranquilamente no abrigo inicial e seguro, revelou o estudo.

"Os caranguejos aprenderam a evitar o abrigo onde levaram choques. Eles se mostraram dispostos a renunciar a seu refúgio para evitar a fonte da dor presumida", explicou Elwood. 

"Esta experiência foi concebida cuidadosamente para permitir a distinção entre a dor e um fenômeno de reflexo defensivo, o que permite uma proteção instantânea, mas não modifica o comportamento de longo prazo", destacou o cientista.

"Do ponto de vista filosófico, é impossível demonstrar de forma absoluta que um animal sente dor", admitiu. No entanto, ele afirma que todos os critérios coerentes com a chamada dor foram reunidos nas experiências.