Topo

Pesquisadores fotografam pela 1ª vez filhote de tatu-canastra

Kevin Schafer/Pantanal Giant Armadillo Project/ Fazenda Baía das Pedras
Imagem: Kevin Schafer/Pantanal Giant Armadillo Project/ Fazenda Baía das Pedras

19/02/2013 14h41

Uma equipe de pesquisadores registrou no Pantanal o que dizem ser as primeiras imagens já feitas de um filhote de tatu-canastra (Priodontes maximus).

As fotos inéditas do tatu foram feitas na Fazenda Baía das Pedras, no município de Aquidauana, no Pantanal sul-matogrossense.

Desde novembro de 2011 a equipe do Projeto Tatu-Canastra Pantanal monitora uma fêmea adulta da espécie com a ajuda de rádiotelemetria e armadilhas fotográficas.

Em junho de 2012 a fêmea foi observada pela primeira vez compartilhando sua toca com um macho adulto. Eles permaneceram juntos por alguns dias mas, depois, o macho desapareceu e nunca mais foi visto.

A fêmea continuou com seu comportamento e alimentação normais até que, em novembro, o comportamento mudou. Em vez de mudar de toca periodicamente, ela começou a reutilizar a mesma toca por mais de 30 dias.

A partir daí, a equipe de pesquisadores começou a monitorar mais de perto a toca até que, três semanas depois, as armadilhas fotográficas conseguiram capturar o focinho do filhote quando a fêmea entrava de volta na toca.

A primeira foto de corpo inteiro do filhote foi tirada cerca de quatro semanas após o nascimento, quando os dois animais mudavam de toca e o filhote seguiu a mãe por aproximadamente 200 metros.

"Documentar o nascimento de um filhote de tatu-canastra é um passo extraordinário que nos ajudará a compreender a biologia e reprodução desta espécie tão enigmática para que finalmente possamos conservá-la", afirmou Arnaud Desbiez, coordenador do Projeto Tatu-Canastra Pantanal.

Os cientistas já tinham observado rastros de um tatu-canastra adulto seguido de outro menor, o que, de acordo com eles, potencialmente confirma a gestação de apenas um filhote por vez.

No entanto, os pesquisadores ainda não sabem, por exemplo, qual é o intervalo entre uma gestação e outra.

"Isso ilustra a importância de estudos de longo prazo e a necessidade de árdua dedicação da equipe a fim de obter as informações cruciais para a conservação de espécies raras", disse Desbiez.

Vulnerável

O tatu-canastra pode chegar a 1,5 metro (incluindo a cauda) e pesar cerca de 50 quilos. Ele tem enormes garras, que podem chegar a medir até 20 centímetros, e hábitos noturnos.

O habitat do tatu-canastra está espalhado por toda a América do Sul. Ele é encontrado em florestas tropicais e também no cerrado, mas seu comportamento reprodutivo ainda é pouco conhecido.

A espécie está classificada como "vulnerável" pela Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em Inglês).

A queda da população do tatu-canastra pode estar associada à perda de habitat natural.

Os pesquisadores do projeto relatam que a maior parte dos moradores da área onde eles concentram os estudos do tatu-canastra, muitos deles nascidos e criados na região, relatam nunca ter visto o animal, acreditando que ele já estava extinto na região.

O Projeto Tatu-Canastra Pantanal teve início em julho de 2010, na Fazenda Baía das Pedras e é uma parceria com a ONG escocesa Royal Zoological Society of Scotland, além da ONG brasileira Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ) e outras instituições em vários países.