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Cientistas descobrem na atmosfera bactérias que podem agir no clima

Em Washington

29/01/2013 10h26

A troposfera, parte da atmosfera situada entre seis e dez quilômetros de altitude, contém microrganismos cujas bactérias podem ter efeitos diversos na meteorologia e no clima, revelou estudo publicado na edição digital dos Anais da Academia Americana de Ciências (Pnas, na sigla em inglês).

"Nós não esperávamos encontrar tantos microrganismos na troposfera, considerada um ambiente difícil para a vida", admitiu Kostas Konstantinidis, professor adjunto do Instituto de Engenharia da Géorgia, nos Estados Unidos, um dos principais autores da pesquisa. "Parece existir uma diversidade bem grande de espécies, mas nem todas sobrevivem à parte mais alta da troposfera."

Os cientistas não sabem ainda se os microrganismos vivem permanentemente nesta área da atmosfera (possivelmente em partículas de carbono em suspensão) ou se ficam brevemente após serem transportados pelos ventos da superfície do planeta.

Amostras foram coletadas em terra e nos oceanos, sobretudo no mar Caribe e em algumas partes do oceano Atlântico, durante e após a passagem dos furacões Earl e Karl, em 2010.

Segundo os autores, um dos interesses desta descoberta é que estes microrganismos poderiam desempenhar um papel na formação de gelo nas nuvens, tendo um impacto na meteorologia e no clima do planeta. Além disso, o deslocamento de bactérias em longas distâncias pelo vento poderia ajudar no estudo de transmissão de doenças infecciosas nos seres vivos. 

Algumas destas bactérias também seriam capazes de metabolizar os componentes de carbono presentes na atmosfera, que são provenientes, sobretudo, das emissões de dióxido de carbono (CO2), principal gás causador de efeito estufa.

Os microrganismos foram coletados em amostras do ar levantadas por um jato, em um programa de pesquisas da Nasa (Agência Espacial Norte-Americana), destinado a estudar as massas de ar em baixa e alta altitudes vinculadas com tempestades tropicais.

Filtros contendo essas partículas foram analisados com técnicas de sequenciamento genético que permitiram identificá-las e calcular sua quantidade.

O estudo mostra, ainda, que as bactérias representam, em média, cerca de 20% de toda a massa de partículas destas amostras. As bactérias tiveram 17 variedades enumeradas.