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Mina de carvão reduz lençol freático na China, denuncia Greenpeace

23/07/2013 10h19

Um projeto operado pelo Shenhua Group, maior mineradora de carvão da China, reduziu o nível do lençol freático em uma região da Mongólia Interior e despejou uma grande quantidade de água contaminada na natureza, disse o grupo ambientalista Greenpeace na terça-feira (23).

Essa é a primeira vez que a ONG aponta e desafia publicamente uma das mais poderosas estatais chinesas, num momento em que o governo da China enfrenta crescentes protestos por causa da degradação ambiental.

A China recentemente cancelou a construção de uma usina de processamento de urânio, que custaria 6 bilhões de dólares, por causa de protestos que reuniram centenas de pessoas. Outros projetos petroquímicos também foram cancelados após manifestações populares.

A usina-piloto de liquefação de carvão perto da cidade de Ordos retirou mais de 50 milhões de toneladas de água do lençol freático na região de Haolebaoji desde 2006, segundo o relatório do Greenpeace. Há outras duas usinas desse tipo na China.

“Estamos levando essas acusações muito a sério e vamos iniciar nossas próprias investigações sobre o projeto para assegurar que ele cumpra todos os regulamentos ambientais”, disse uma porta-voz do Shenhua Group.

O Greenpeace disse ter visitado a usina em 11 ocasiões entre março e julho deste ano, encontrando níveis elevados de produtos tóxicos nas águas servidas. A entidade disse que muitos agentes cancerígenos foram identificados em amostras de sedimentos.

"O Shenhua afirma que o projeto de transformação de carvão em líquido tem 'baixo consumo hídrico' e 'descarga zero'. Nossa investigação prova que essas afirmações são falsas", disse Deng Ping, ativista da organização.

"As práticas da Senhua estão violando os princípios e leis chinesas para os recursos hídricos que controlam a descarga de águas usadas industrialmente."

A usina tem capacidade para produzir 1,08 milhão de toneladas por ano, e a Shenhua planeja ampliar a capacidade para 5 milhões de toneladas.

Isso faria com que o uso de água triplicasse até 2017, chegando a 41 milhões de toneladas, segundo o Greenpeace.