Ilhas do Pacífico pedem ação urgente contra mudanças climáticas
Líderes do Pacífico assinaram uma declaração nesta quinta-feira (5), comprometendo-se a agir com urgência contra as mudanças climáticas e pedindo que o resto do mundo os acompanhe no enfrentamento desta ameaça à sua própria existência.
Os 15 membros do FIP (Fórum das Ilhas do Pacífico) concluíram a chamada Declaração de Majuro, que recebeu este nome em homenagem à capital das Ilhas Marshall, onde se reuniram nesta semana, afirmando que o documento deveria mudar o jogo dos estancados esforços de enfrentamento contra as mudanças no clima.
A declaração contém compromissos específicos de cada país-membro do FIP para reduzir emissões de gases estufa e adotar energia renovável de cada país-membro, alguns dos quais estão cerca de um metro acima do nível do mar e enfrentam o risco de ser engolidos pelo aumento do nível dos oceanos.
O presidente das Ilhas Marshall, Christopher Loeak, disse que a declaração foi apenas o começo e acrescentou que "o trabalho de verdade começa agora": persuadir o resto do mundo a também agir concretamente sobre o tema.
"Queremos que nossa Declaração de Majuro por uma liderança climática seja uma mudança de paradigma no combate mundial às mudanças climáticas", afirmou. "Forjado na linha de frente dos impactos devastadores das mudanças climáticas, esperamos que dê novo ímpeto e acelere a transição para a economia de baixo carbono."
Exemplo moral
Ele disse que o objetivo foi criar a vontade política para o mundo adotar metas de mudanças climáticas legalmente vinculantes em 2015.
A missão começa nesta sexta-feira (6), quando líderes do FIP se reunirão com representantes de 13 países que assistem à conferência como parceiros de diálogo, inclusive grandes poluidores como a China e os Estados Unidos, e tentarão incluí-los na declaração.
O FIP apresentará o documento ao secretário-geral das Nações Unidas em Nova York, nos Estados Unidos, para amparar seus esforços de forjar um acordo climático ambicioso.
A Comissária de Clima da União Europeia, Connie Hedegaard, que está em Majuro para a reunião, disse esta semana que os países do Pacífico estavam "dando um exemplo moral" para o mundo.
O presidente de Palau, Tommy Remengesau Jr., cujo país foi escolhido para sediar a cúpula do FIP ano que vem, disse que os líderes do Pacífico querem conquistar o resto do mundo em sua causa ao dar o exemplo, ao invés de insistir para que ajam.
"Não faz parte da cultura do Pacífico usar palavras duras ou fazer exigências", afirmou. "Mas a questão é a nossa própria sobrevivência e sustentabilidade como um povo", acrescentou.
Os líderes também endossaram um relatório de um Relator Especial da ONU sobre testes nucleares feitos nas Ilhas Marshall e que pede ao governo dos Estados Unidos o pagamento de cerca de US$ 2 bilhões em compensações aos afetados. Os Estados Unidos realizaram 67 testes com armas nucleares no arquipélago entre 1946 e 1958.
Os líderes do FIP disseram que tanto os Estados Unidos quanto as Nações Unidas "têm a obrigação de encorajar uma resolução justa e final para os Marshallinos".
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