Faço foto com milhares de PMs, diz Bolsonaro sobre imagem com suspeito
Questionado sobre fotografias que teria feito ao lado de presos sob suspeita de envolvimento no assassinato de Marielle Franco (PSOL-RJ), o presidente Jair Bolsonaro (PSL-RJ) diminuiu a importância das imagens:
"Eu tenho milhares de fotos com policiais civis e militares, do Brasil todo".
Uma suposta imagem de Bolsonaro com os envolvidos no caso circula nas redes sociais desde hoje de manhã, quando foram presos o policial reformado Ronnie Lessa, 48, morador do mesmo condomínio de Bolsonaro e suspeito de atirar contra Marielle, o ex-policial militar Élcio Vieira de Queiroz, 46, que teria dirigido o carro de onde partiram os disparos que mataram a vereadora.
A fotografia em que o presidente aparece ao lado de Queiroz foi retirada de um perfil no Facebook atribuído ao militar. A conta foi apagada hoje de manhã.
A imagem está cortada, e não há como confirmar se a pessoa ao lado de Queiroz é, de fato, Bolsonaro.
O presidente ainda disse que não sabia quem era a vereadora antes do assassinato.
"É possível que tenha um mandante. Eu conheci a Marielle depois que ela foi assassinada. Também estou interessado em quem mandou me matar", afirmou Bolsonaro, fazendo referência ao atentado a faca que sofreu no ano passado antes das eleições presidenciais.
Delegado e MP afastam conexão de Bolsonaro com suspeitos
O delegado Giniton Lages, responsável pelas investigações, afastou, neste momento, qualquer ligação entre a família de Bolsonaro e Lessa. "O fato de ele morar no condomínio do Bolsonaro não diz muita coisa, não, para a investigação da Marielle", disse Lages.
Para o Ministério Público do Rio, não há nenhuma vinculação da família Bolsonaro com o suspeito de assassinar a vereadora pelo simples fato dos dois morarem no mesmo local.
"Absolutamente, não há nenhum fato que diga que tem alguma vinculação. Muito pelo contrário, não temos controle dos nossos vizinhos. Até esse momento, o fato foi coincidência", disse a coordenadora do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP-RJ, Simone Sibílio, durante coletiva de imprensa.
Filha de Lessa e filho de Bolsonaro
Desde que a prisão foi noticiada, cresceram nas redes sociais publicações apontando que um dos cinco filhos do presidente, Jair Renan, teria namorado uma filha de Ronnie Lessa.
Durante entrevista coletiva, um repórter começou a formular essa pergunta e foi interrompido pelo delegado Lages:
"Isso tem", disse, "mas isso para nós hoje não importou na motivação delitiva."
O Ministério Público, por sua vez, disse que a instituição não tem conhecimento dessa informação.
Preso no mesmo condomínio
Na manhã de hoje, Lessa foi preso no mesmo condomínio onde o presidente Jair Bolsonaro (PSL) tem uma casa, na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio de Janeiro. O policial foi, em 1998, homenageado na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro).
O condomínio Vivendas Barras, onde Bolsonaro e Lessa têm residências, tem pelo menos 50 casas e fica localizado em uma avenida na orla da Barra. Os imóveis à venda no local variam de R$ 1,5 milhão a R$ 4,5 milhões, e têm entre três a cinco quartos. O aluguel no local costuma variar entre R$ 5 mil a R$ 10 mil.
Deputados do PT e PSL se manifestam
Pelo Twitter, o deputado federal Marco Maia (PT) foi um dos primeiros e levantar a questão da suposta namorada de Jair Renan, que seria filha de Ronnie Lessa. "Delegado confirma que filho de Bolsonaro namorava filha do matador ao ser questionado por jornalistas. Completou dizendo que a informação por enquanto não interessou a investigação. Relaçoes íntimas!!", escreveu Maia.
Na tribuna da Câmara, a deputada Maria do Rosário defendeu hoje a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a atuação das milícias no Rio. Rosário ainda afirmou que quer um inquérito sobre a suposta relação do senador Flávio Bolsonaro (PSL) com as milícias cariocas.
"É preciso que aqui, nesta Casa, tenhamos a coragem de defender a vida, ou os parlamentares estarão ao lado das milícias? É preciso responder com celeridade", disse Rosário, conforme nota publicada no site do PT.
Na base aliada, alguns membros do PSL não comentaram as supostas relações entre o clã Bolsonaro, as milícias cariocas e a atuação dos policiais que assassinaram Marielle. O deputado Alexandre Frota, por exemplo, questionou em seu Twitter: "Será que finalmente vamos conhecer a verdade é desvendar esse caso ? não aguento mais"
Poucas horas depois, Frota publicou uma imagem com um muro de uma escola pintado com o rosto de Marielle e uma bandeira do arco-íris. "Politicagem nas paredes da Escola Isso é legal ? não é ideologia ?"
Conhecida pela sua atividade intensa nas redes sociais, a deputada Joice Hasselmann, líder do governo no Congresso, foi tímida nos comentários sobre a ação da polícia que resultou na prisão dos suspeitos de terem assassinado a vereadora. No tuíte da parlamentar, nenhuma menção ao nome de Marielle ou aos policiais que foram presos, só um elogio à "coletiva que deu protagonismo à polícia civil".
"A coletiva sobre a #operaçãoLume deu protagonismo à polícia civil e 1 aula sobre a prioridade q devemos dar à tecnologia e ferramentas ainda não disponibilizadas p/nossas polícias. Encerrada 1a fase.O diskDenúncia deu direcionamento e ñ solução #fimdaimpunidade"
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