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Obama anuncia plano de corte das emissões de CO2 dos EUA

Do UOL, em São Paulo

25/06/2013 15h13

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou nesta terça-feira (25) as estratégias do seu governo para combater o aquecimento global nos próximos sete anos.

O novo Plano de Ação Climática, lançado durante discurso na Universidade Georgetown, em Washington, está apoiado em três ações de impacto interno: reduzir as emissões de dióxido de carbono (CO2), aumentar o investimento em energias renováveis e tornar o país resistente aos impactos climáticos.

Obama disse que o país já está pagando o preço do aquecimento global, apesar da oposição e das críticas dos céticos das mudanças climáticas. "Americanos de todo o país já estão pagando o preço da inação. Como presidente, como pai e como americano, estou aqui para dizer: Nós precisamos agir!"

Mais de 60% das emissões de CO2 dos Estados Unidos vêm da geração de eletricidade, cujo sistema é baseado nas usinas termelétricas a carvão, e do transporte, segundos dados da Casa Branca. Mesmo assim, lembrou o presidente, o país não possui limites federais para a quantidade de gases causadores do efeito estufa bombeada na atmosfera pelas usinas.

Obama afirmou que a Agência de Proteção Ambiental (EPA, na sigla em inglês) deverá criar, com o apoio das empresas e dos Estados, as normas para regulamentar as emissões das usinas terméletricas.

O órgão regulador, que tem status de Ministério de Meio Ambiente nos Estados Unidos, terá de entregar as regras das novas usinas até 20 de setembro; já para as usinas que estão operando, os limites podem ser definidos no prazo de um ano, até junho de 2014.

O plano permite aos Estados Unidos alcançar a meta de reduzir em 17% as emissões domésticas até 2020, com base nos níveis de 2005, calcularam autoridades.

O projeto, que visa a um aumento de 20% em eficiência energética em edifícios comerciais, industriais e residenciais, requer US$ 8 bilhões (cerca de R$ 17,695 bilhões) em garantias de empréstimos para apoiar investimentos em tecnologias inovadoras.

Obama também estabeleceu como meta reduzir as emissões de carbono em 3 bilhões de toneladas até 2030, equivalente a mais da metade da poluição produzida pelo setor energético em um ano.

Os congressistas republicanos acusam o presidente de declarar uma "guerra ao carvão", que poderia resultar em regulamentações muito caras e metas ambientais difíceis para usinas de geração de energia. Além disso, a oposição diz que as ações vão causar o desligamento de usinas a carvão mais antigas, subindo os preços da energia elétrica para os consumidores e, desproporcionalmente, afetando as camadas mais pobres da população.

Em 2009, pouco depois de ser eleito presidente pela primeira vez, Obama perdeu a primeira briga com o Congresso, quando barraram seu ambicioso projeto de lei sobre energia e clima, cujo objetivo era reduzir substancialmente as emissões de CO2 nos Estados Unidos, segundo maior emissor de gases do efeito estufa no planeta. 

Mas após sua reeleição, em novembro do ano passado, o presidente reafirmou que retomaria a iniciativa. Em fevereiro, durante discurso sobre o Estado da União, ele pediu ao Congresso para "fazer mais para combater a mudança climática" e advertiu para a possibilidade de agir por decreto.

Política externa do clima

Obama lembrou, ainda, a importância de um pacto global acerca do tema e citou que o seu país deve liderar os esforços e as negociações internacionais para combater as mudanças climáticas. No discurso, ele afirmou que o mundo "precisa de um acordo climático inclusivo, para que todos os países participem e tomem parte de suas ações", em referência ao Protocolo de Quioto, único instrumento legal em vigor para frear o aumento da temperatura global

Os Estados Unidos nunca assinaram o tratado, nem quando ele foi criado em 1997, ou quando seus termos foram prorrogados na 18ª Conferência das Nações Unidas para o Clima, a chamada COP 18, ocorrida no final de 2012, em Dubai. O texto, que estipula metas e limites de emissão para os países desenvolvidos, ficou ainda mais enfraquecido com a saída da Rússia, do Canadá, do Japão e da Nova Zelândia: só 37 nações assumiram o compromisso de reduzir suas emissões até 2020.

Juntos, o grupo de países europeus e a Austrália, basicamente, responde por apenas 15% das emissões globais - os maiores poluidores do planeta, os Estados Unidos e a China, continuam fora das obrigações de baixar as emissões de gases.

Oleoduto emperrado 

O presidente americano também disse que o controverso projeto do oleoduto gigante Keystone XL no Texas, firmado entre o Canadá e os Estados Unidos, só será aprovado se não gerar um aumento das emissões de gases de efeito estufa.

Espera-se que o presidente, a quem cabe tomar a decisão final sobre o oleoduto, aprove o projeto que se arrasta há tempos quando este chegar à sua mesa. O Departamento de Estado deve fazer uma recomendação definitiva sobre o projeto a Obama nos próximos meses. Mas em um relatório preliminar, publicado em março, a instituição concluiu que o oleoduto não causaria impactos importantes ao meio ambiente.

Os defensores do projeto, que levaria petróleo das areias betuminosas do Canadá à costa Sul dos Estados Unidos, afirmam que a obra terá um impacto mínimo sobre o meio ambiente. Mas os ambientalistas insistem que o empreendimento provocaria o aumento da extração de areias betuminosas em Alberta, no Oeste do Canadá), um processo que produz o petróleo "mais sujo" do planeta.

Na extração, as areias betuminosas precisam ser misturadas a água fervente para que possam ser retirados produtos derivados utilizáveis. O processo também envolve a queima de mais combustível fóssil, o que gera mais emissões de gases responsáveis pelas mudanças climáticas. (Com agências internacionais)