Ucrânia tem 25 mortos em pior dia de violência e mobiliza preocupação internacional
Os confrontos entre manifestantes contrários ao governo e policiais em Kiev (Ucrânia), nesta terça-feira (18), deixaram um saldo de ao menos 25 mortes em menos de 24 horas, informou a agência Reuters. Este é o dia mais violento desde que os protestos contra o presidente Viktor Yanukovich começaram, há 12 semanas.
Um balanço atualizado pelo governo informa ainda que 159 policiais ficaram feridos, sendo 35 com gravidade. Já a oposição adiantou que pelo menos 150 manifestantes sofreram ferimentos, incluindo 30 gravemente feridos.
Hoje, as forças do governo romperam as barricadas perto do estádio do Dynamo de Kiev e se dirigiram para os limites da ocupada praça da Independência, na capital, horas depois de Moscou destinar US$ 2 bilhões em ajuda à Ucrânia --recursos que a Rússia estava segurando para pressionar o governo ucraniano a tomar uma medida contra os manifestantes pró-Europa.
O Serviço de Segurança do Estado, em um comunicado conjunto com o ministério do Interior, havia fixado um prazo até o fim da tarde para os manifestantes cessarem com os distúrbios, caso contrário enfrentariam "medidas duras".
O Ministério da Defesa divulgou outro alerta para que os opositores se retirassem do clube de oficiais perto do Parlamento. No entanto, não estava claro se os ultimatos poderiam indicar um ataque iminente contra o centro do acampamento da oposição na praça da Independência, onde manifestantes têm feito uma vigília pacífica por três meses.
Violência mobiliza preocupação internacional
A onda de violência na Ucrânia mobilizou a preocupação da comunidade internacional. Hoje, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, se pronunciou sobre o assunto.
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Dizendo-se "profundamente preocupado" com os violentos confrontos que voltaram a explodir em Kiev depois de várias semanas de calma, Ban pediu ao governo e aos opositores da Ucrânia "contenção" e que "retomem o diálogo".
Em nota, o governo dos Estados Unidos condenou "a violência popular e o excessivo uso da força por ambas as partes" e também pediu ao governo ucraniano que retome as negociações com os manifestantes.
Com objetivo de restaurar "a paz e a estabilidade" na Ucrânia, "pedimos que Yanukovych freie a escalada de violência e a ponha fim ao confronto na Maidan", ressaltou ela.
"Estamos consternados pela violência que está acontecendo no centro de Kiev e pelos relatórios da polícia armada antidistúrbios ao redor da praça Maidan", diz ainda o comunicado enviado à agência Efe por Laura Lucas, uma das porta-vozes do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca.
Em um tom duro e bem menos conciliador, a Alemanha condenou o ultimato dado pelo governo aos manifestantes e ameaçou o país com "sanções pessoais" para os responsáveis por "um banho de sangue" em Kiev, onde os conflitos já fizeram nove vítimas.
"Todos devem se manter afastados de qualquer forma de provocação em Kiev neste momento de tensão. Um aumento da violência é a última coisa de que o país precisa" manifestou o o ministro das Relações Exteriores alemão, Frank-Walter Steinmeier, em comunicado.
"O responsável pelas decisões que levarem a um banho de sangue no centro de Kiev ou em outro lugar da Ucrânia deve contar com que a Europa reconsidere sua hesitação a aplicar sanções pessoais" opinou o ministro germânico.
Steinmeier também considerou no texto que as forças de segurança ucranianas "têm uma responsabilidade especial" nos eventos e advertiu o governo de Yanukovich que "um ultimato não é o caminho adequado" para solucionar o conflito.
Impasse com a Rússia motivou revolta
Os protestos contra Yanukovich começaram em novembro depois que ele cedeu à pressão russa e desistiu de um tratado comercial com a União Europeia, preferindo a ajuda financeira do Kremlin.
O envio de U$ 2 bilhões, parte do pacote acordado, foi visto como um sinal de que os russos acreditam que o governo ucraniano tem um plano para terminar com o protesto e desistiu de atrair a oposição para o governo.
Enquanto manifestantes e a polícia lutavam em Kiev, Moscou classificou a crise como um "resultado direto do consentimento de políticos ocidentais e estruturas europeias, que fecharam os olhos para as ações agressivas de radicais".
Embora o presidente russo, Vladimir Putin, parece ter se saído melhor por agora na luta por influência na Ucrânia, os manifestantes que têm ocupado o centro de Kiev não vão ficar quietos.
Em vez de fortalecer Yanukovich, a ação de Moscou pode aumentar a violência dos protestos, especialmente por parte dos manifestantes que são enfaticamente contra o Kremlin. Milhares incendiaram carros e atiraram pedras nas piores cenas de violência em Kiev em mais de três semanas.
A polícia respondeu com balas de borracha e bombas de gás.
Dentro do Parlamento, o líder da oposição Vitaly Klitschko fez um chamado para que Yanukovich tirasse a polícia das ruas e evitasse mais conflito. (Com agências internacionais)
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