Ao menos 21 morrem em confrontos na Ucrânia; presidente culpa oposição
Ao menos 21 manifestantes ucranianos morreram durante enfrentamentos com a polícia nesta quinta-feira (20), na capital Kiev. O total de pessoas mortas nos protestos dos últimos dias chegou a 47 – na terça-feira (18), dia mais violento desde que a revolta contra o governo começou, 26 morreram.
Policial bate cabeça de jovem em carro durante ato na Ucrânia
Jornais locais disseram que ao menos 13 das vítimas de hoje foram baleadas na cabeça por franco atiradores na praça Independência, ponto de concentração dos protestos antigoverno.
O lobby de um hotel nos arredores da praça foi usado pelos manifestantes como necrotério improvisado e hospital para o tratamento dos feridos.
A Presidência da Ucrânia culpou os manifestantes por terem dado início à violência hoje. "Eles estão agindo em grupos organizados. Eles estão usando armas de fogo, inclusive atiradores com rifles. Eles estão disparando para matar", afirmou o governo em nota. As autoridades falam em "dezenas" de policiais mortos e feridos.
Para os manifestantes antigoverno, a violência de hoje em meio à trégua anunciada ontem é uma "provocação deliberada" das autoridades contra "os protestos pacíficos", declararam os três principais líderes da oposição.
O metrô da cidade está fechado. Opositores dizem que a medida visa impedir que simpatizantes venham participar dos protestos no centro.
O Ministério do Interior ucraniano pediu que os habitantes de Kiev não saiam de casa ou não se dirijam ao centro da cidade. "Neste momento mais vale limitar os deslocamentos em carros particulares e não sair às ruas. Há pessoas armadas com intenções agressivas nas ruas de Kiev", informou o ministério em um comunicado.
O prefeito de Kiev anunciou hoje que abandona o partido do presidente Viktor Yanukovitch, como forma de protesto contra "o banho de sangue e a luta fratricida" no centro da capital ucraniana.
"Estou disposto a tudo para deter a luta fratricida e o banho de sangue no coração da Ucrânia, na praça da Independência", disse Volodimir Makeienko.
"A vida humana deve ser o valor supremo de nosso país, e nada deve contradizer este princípio", acrescentou o prefeito, ao abandonar o Partido das Regiões, no poder.
Sanções
Os ministros das Relações Exteriores de França, Alemanha e Polônia se reuniram com o presidente ucraniano, Viktor Yanukovitch, durante esta manhã. Havia boatos de que a reunião seria cancelada por questões de segurança.
O embaixador dos Estados Unidos na Ucrânia, Geoffrey Pyatt, afirmou que seu governo já suspendeu a emissão de vistos para 20 indivíduos que estariam por trás da violência no país, e o Reino Unido pediu que seus principais diplomatas retornassem para Londres.
Ministros de Relações Exteriores dos 28 países que integram a União Europeia devem se reunir hoje em Bruxelas (Bélgica) para discutir possíveis sanções contra a Ucrânia.
O presidente francês, François Hollande, afirmou que os responsáveis pela violência "mortal" no país serão alvos das sanções. Para ele, episódios como os de ontem são "inadmissíveis e intoleráveis".
O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, disse nesta quarta-feira (19) ter a expectativa de que a UE adote "medidas pontuais contra aqueles responsáveis pela violência e uso excessivo da força" durante os protestos. Possíveis sanções incluem um embargo para viagens das lideranças ucranianas e o congelamento de bens.
Protesto em Sochi
A esquiadora ucraniana Bogdana Matsotska e seu técnico Oleg Matsotskiy abandonaram as Olimpíadas de Inverno de Sochi, na Rússia, como protesto contra o uso de força do governo contra os manifestantes.
“Deixamos os jogos para protestar contra as ações criminosas tomadas durante os protestos”, afirmou Matsotskiy em sua conta na rede social Facebook. Agências de notícias informam que mais atletas ucranianos já abandonaram a competição. (Com agências internacionais)
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