Em meio à crise, primeiro-ministro da Ucrânia renuncia
Em meio a uma crise que já dura dois meses, o primeiro-ministro da Ucrânia, Mykola Azarov, apresentou sua renúncia nesta terça-feira (28). Em comunicado, o político afirmou que tomou essa decisão "para criar possibilidades adicionais para se chegar a um acordo político e social e em prol de uma solução pacífica".
"Hoje, o mais importante é preservar a unidade e a integridade da Ucrânia. Isto é muito mais importante que qualquer planou ou ambição pessoal. Por isto, tomei esta decisão", completou.
Os protestos na capital Kiev --que começaram em novembro devido à negativa do presidente Viktor Yanukovich em assinar um acordo de cooperação com a União Europeia e por sua aproximação com a Rússia--, se estenderam a todo o país e se tornaram uma revolta para pedir sua demissão. O número de mortos nos protestos varia entre dois e cinco dependendo da fonte.
Azarov anunciou a renúncia durante uma sessão especial do Parlamento em Kiev que pretende debater uma solução para a crise. Entre as medidas que devem ser abordadas pelo Parlamento está o fim das medidas rígidas contra os protestos, que provocaram a revolta dos opositores.
Na segunda-feira (27), Yanukovich aceitou abolir as leis repressivas contra os manifestantes, mas disse que os opositores presos só serão libertados se as barricadas forem levantadas em Kiev.
Após uma nova reunião com os líderes da oposição --o ex-boxeador Vitali Klitschko, além de Arseni Yaltsenyuk, líder do partido da opositora presa Yulia Timoshenko, e do nacionalista Oleg Tiagnybok--, o presidente fez outra concessão para tentar por fim à crise que paralisa o país.
Segundo um comunicado da Presidência, Yatsenyuk recusou formalmente a oferta de Yanokovich para se tornar primeiro-ministro.
Em telefonema esta noite, o vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, solicitou ao presidente que faça recuar a tropa de choque da polícia e trabalhasse com a oposição em "medidas imediatas" para reduzir a escalada de tensões entre o governo e os manifestantes.
"Reforçando que não há tempo a perder", Biden também alertou que "declarar estado de emergência ou decretar outras medidas de segurança inflamaria a situação e fecharia o espaço para uma resolução pacífica", informou um comunicado da Casa Branca.
A crise ucraniana, que preocupa cada vez mais as capitais ocidentais, será tema principal da cúpula entre União Europeia e Rússia, nesta terça-feira.
Após a ocupação, na madrugada de segunda-feira, do ministério da Justiça em Kiev, as autoridades ameaçaram decretar estado de emergência. Mas horas depois o ministro de Relações Exteriores o desmentiu.
"Não há intenção de decretar estado de emergência. Esta medida não está na atualidade", disse Leonid Kojara durante entrevista.
Após ser ocupado na madrugada de terça-feira, o prédio do ministério da Justiça, um dos muitos edifícios públicos nas mãos dos manifestantes no centro de Kiev, foi evacuado mas vários homens continuam impedindo o acesso na porta.
Os líderes da oposição disseram em um comunicado comum estar dispostos a negociar "apesar da tentativa das autoridades de abandonar as negociações e declarar estado de emergência".
Protestos em todo o país
Os manifestantes em Kiev controlam agora grande parte do centro da cidade ao redor da praça da Independência, o epicentro dos protestos, protegida por ativistas com toucas ninja e armados com bastões de beisebol.
Mas a revolta se espalhou para outras regiões do país, também no leste e no centro russófono, tradicionalmente favoráveis ao presidente.
No total, a administração de 10 das 25 regiões do país está bloqueada pelos manifestantes. (Com Efe e AFP)
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