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BP vai enfrentar julgamento sobre vazamento no Golfo do México

Kristen Hays e Braden Reddall

Em Nova Orleans

25/02/2013 15h36

Quase três anos depois de uma explosão em águas profundas que matou 11 homens, afundou uma plataforma e derramou 4 milhões de barris de petróleo no Golfo do México, a BP e as outras empresas envolvidas no acidente estão prestes a enfrentar o seu dia no tribunal.

O julgamento sobre o pior vazamento de petróleo dos Estados Unidos vai começar nesta segunda-feira (25) em Nova Orleans diante de um juiz federal, mas sem júri. Poucos esperam que o caso, que deverá se desenrolar por vários meses, seja decidido por esse juiz.

Os esforços para selar um acordo no fim de semana não deram resultado, mas especialistas jurídicos esperam uma resolução, pelo menos com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, nos próximos meses. O testemunho inicial deve definir o tom para as negociações do acordo, dependendo de quão prejudicial é a evidência, dizem os especialistas.

Devem se juntar à BP na sala de audiências do juiz Carl Barbier a operadora de sondas Transocean Ltd e a fornecedora de serviços Halliburton Co. Contra elas estão o Departamento de Justiça, alguns Estados da Costa do Golfo e outros demandantes.

A BP tem um histórico de solucionar casos civis antes ou durante o julgamento. Quatro processos sobre a explosão de 2005 na sua refinaria de Texas City, que matou 15 pessoas, foram todos encerrados em acordos. Os pagamentos totalizaram US$ 3,1 bilhões (cerca de R$ 6 bilhões) - a BP vendeu a refinaria depois.

Os riscos são maiores desta vez, no entanto. A explosão e o vazamento no poço de Macondo, em 20 de abril de 2010, afetou o litoral de cinco Estados, provocou a proibição da extração de petróleo e gás por seis meses no Golfo e prejudicou os negócios de pescadores e hoteleiros, dentre outros.

A BP já gastou ou se comprometeu com um total US$ 37 bilhões (equivalente a R$ 73 bilhões) em limpeza, restauração, pagamentos e acordos. Isso inclui US$ 8,5 bilhões (quase R$ 17 bilhões) para a maioria dos requerentes - um recorde de US$ 4,5 bilhões (R$ 8,88 bilhões) em multas -, uma confissão de culpa a 14 acusações criminais do Departamento de Justiça e ações cíveis da SEC (Securities and Exchange Commission), reguladora dos mercados de capitais norte-americanos.

A empresa vendeu US$ 38 bilhões (cerca de R$ 74,9) em ativos para ajudar a cobrir os seus custos relacionados com o derramamento, incluindo as suas menores e mais antigas operações no Golfo do México. No entanto, a empresa pode acabar pagando dezenas de bilhões a mais, dependendo se o governo dos EUA e dos Estados requerentes do Golfo convencerem o juiz Barbier de que a BP foi negligente.