Gorbachev quer uma 'perestroika' ambiental para revolucionar mundo
O ex-presidente soviético Mikhail Gorbachev pediu nesta quinta-feira (18) uma "perestroika" nas políticas ambientais para reduzir a brecha entre países ricos e pobres, e para revolucionar a maneira em que avaliamos a vida do planeta "que todos compartilhamos".
"Nas últimas duas décadas, a comunidade internacional fracassou em responder às ameaças que a humanidade e o meio ambiente enfrentam. E está, por outro lado, colocando pela frente os benefícios econômicos a curto prazo", manifestou Gorbachev, fundador da ONG Internacional Green Cross.
O último presidente soviético, militante ecológico há anos, fez estas declarações em uma videoconferência na apresentação do calendário de atividades que a Green Cross International prepara por conta da celebração de 20 anos de sua fundação.
"Há mais de 20 anos, entendi que a situação meio ambiental era alamante, que estava sendo produzido um processo destrutivo e que os políticos e empresários não seriam capazes de enfrentar esta difícil tarefa. Uma organização internacional era necessária para proteger o meio ambiente", manifestou o ex-líder.
Gorbachev se mostrou preocupado porque, apesar de a sua ONG ter tido alguns sucessos nas últimas décadas, os desafios continuam e com falhas na realização de metas globais.
"A população mundial alcançará os 9 bilhões em 2050. Semelhante pressão populacional, uma economia mundial rachada e um exploração de recursos naturais não vigiada fomentarão o sofrimento humano e a pobreza, reduzirão a segurança humana, causarão mais conflitos e a degradação do ambiente", disse.
O pai da "perestroika", a política de transparência que propiciou a desintegração do bloco comunista soviético entre as décadas de 1980 e 1990, acrescentou que os esforços que fizeram para enfrentar os desafios da humanidade e do planeta não são suficientes e há uma falta de liderança e visão de futuro.
"É necessária a união dos políticos, dos empresários e da sociedade civil para conseguir uma mudança. É necessário, além disso, uma mudança no modelo de crescimento econômico global, que só trouxe injustiça social e catástrofes ambientais", insistiu.
Neste sentido, ele declarou que é necessário um novo modelo de desenvolvimento onde "o consumo não seja a peça chave e esteja orientado aos serviços sociais, à educação, à cultura e à sustentabilidade".
"O futuro não depende do destino, depende do que estamos fazendo hoje. Por isso, são necessárias mudanças sistemáticas sem atraso. Os líderes têm que passar das conversas aos atos. Tenho 82 anos, mas seguirei protegendo a humanidade e a natureza enquanto seguir vivo", concluiu.
O presidente da ONG Green Cross International, Alexander Likhotal, expressou que as soluções sistemáticas e integradas são necessárias de maneira urgente. "Dar prioridade à otimização a curto prazo pode levar a um desastre a longo prazo. Os líderes devem ser honestos com a escala do desafio", acrescentou.
Ele esclareceu que os maiores problemas não são a mudança climática, a crise de água ou o sistema financeiro, "mas a forma errônea na qual vivemos".
O aniversário da ONG, que terá como lema "Dar uma oportunidade à humanidade, dar um futuro à Terra", se centrará no desenvolvimento da ideia "o futuro que vamos conseguir, é o futuro que realmente queremos", explicou Likhotal.
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