Oceanos podem perder até 7% de oxigênio antes do fim do século
Um grupo de cientistas advertiu esta quinta-feira (3) que a situação dos oceanos está pior do que se pensava devido a uma combinação mortal: o aquecimento, a desoxigenação e a acidificação.
"Estamos expondo os organismos a uma pressão evolutiva insuportável", adverte relatório do Programa Internacional sobre o Estado dos Oceanos (IPSO, na sigla em inglês) e da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês).
"A próxima extinção em massa [de espécies] pode ter começado", alerta o informe.
O relatório adverte para a acidez sem precedentes dos oceanos, enquanto prossegue a queima de carvão e petróleo e as emissões de dióxido de carbono (CO2), um terço das quais é absorvida pelo mar.
As atuais emissões CO2, umas 30 gigatoneladas por ano, são pelo menos dez vezes maiores do que as que antecederam a anterior grande extinção de espécies da Terra, há 55 milhões de anos, diz o estudo. Mas este grau de acidez nos oceanos não se via há 300 milhões de anos.
"As previsões sobre a concentração de oxigênio nos oceanos apontam para uma queda de 1% a 7% antes de 2100", afirmam a respeito da desoxigenação.
Dois fenômenos se conjugam: uma "tendência geral à diminuição dos níveis de oxigênio nos oceanos tropicais e nas áreas do Pacífico Norte nos últimos 50 anos", provocada pelo aquecimento global, e "um incrível aumento da hipoxia costeira [baixa quantidade de oxigênio]", vinculado aos rejeitos agrícolas e às águas residuais.
"Muitos organismos vão se encontrar em ambientes inadequados", prossegue o estudo.
Seus autores propõem intervenções urgentes. Por exemplo, reduzir os gases de efeito estufa a níveis anteriores à revolução industrial, uma meta da ONU (Organização das Nações Unidas) que parece cada vez mais distante.
Eles pedem também a supressão de subsídios governamentais à pesca, que contribuem para a exploração excessiva, e a proibição de técnicas de pesca destrutivas, como as redes de arrasto que varrem o fundo do mar.
Os mares cobrem aproximadamente três quartos da superfície da Terra, proporcionam metade do oxigênio que respiramos e alimentam bilhões de pessoas.
"A saúde dos oceanos está decaindo muito mais rápido do que pensávamos", destacou o diretor científico do IPSO no documento.
"Estamos vendo mudanças maiores, acontecendo mais rápido e com efeitos mais iminentes do que tínhamos antecipado. A situação deveria ser de grande inquietação para todo mundo", sentenciou.
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