Júnior, também conhecido como Facínora: o chefe do financeiro do PCC
Antes de chefiar o núcleo financeiro do PCC (Primeiro Comando da Capital), o criminoso Júnior Nunes Gonçalves, 34 anos, conhecido como Facínora, foi preso por tráfico de drogas, porte ilegal de arma e apontado pela Polícia Civil como o autor de, pelo menos, quatro assassinatos.
Mesmo detido na Penitenciária Estadual de Piraquara, na região metropolitana de Curitiba, Facínora foi um os alvos da Operação Cravada, deflagrada na terça-feira (6) pela PF (Polícia Federal). A Justiça do Paraná expediu um mandado de prisão preventiva contra ele. Determinou ainda que ele seja transferido o mais rapidamente possível a um presídio de segurança máxima administrado pelo governo federal.
Segundo o juiz Leandro Campos, que expediu o mandado de prisão de Facínora, ele "possui a função de 'resumo da financeira' e exerce o comando e gerência de toda uma estrutura da organização criminosa [o PCC]".
O juiz afirmou ainda que o investigado possui elevada posição hierárquica dentro da facção, com alto poder de decisão e de mando sobre os demais integrantes, sendo tratado pelos demais integrantes da quadrilha como "chefe".
Setor gerenciava R$ 1 milhão por mês
O núcleo chefiado por Facínora é responsável, segundo as investigações da PF, por recolher e gerenciar contribuições para o PCC vindas de diversos locais do país.
De acordo com o delegado regional de Investigação e Combate ao Crime Organizado no Paraná, Ricardo Hiroshi Ishida, membros da facção pagariam uma mensalidade de até R$ 250, gerando uma arrecadação que giraria em torno de R$ 1 milhão por mês.
Os pagamentos, também chamados de "rifas", seriam depositados em centenas de contas bancárias abertas a mando da facção. Essas contas são usadas de forma intercalada -alguns meses sim, outros não-- para dificultar o rastreamento de operações financeiras.
Gerência e violência dentro da prisão
Facínora, por ser o líder do "resumo da financeira", era o responsável por verificar se todos os pagamentos tinham sido contabilizados e determinar a transferência de recursos quando necessário. Segundo as investigações, o dinheiro arrecadado pelo PCC financia compra de drogas e armas, roubos, e também bem-estar principalmente das lideranças da facção.
Os gastos e os ganhos do PCC são minuciosamente controlados em planilhas. Algumas delas foram apreendidas pela PF no presídio de Piraquara, local em que Facínora esteve preso. "Quando há débito, as pessoas ou pagam, ou são excluídas ou são espancadas", afirmou o delegado Martin Bottaro Purper, coordenador da operação Cravada.
Facínora, aliás, é monitorado há meses por Purper e outras autoridades. Neste ano, ele chegou a ser isolado do convívio com os demais detentos pois foi flagrado usando um telefone celular dentro do presídio.
O isolamento, entretanto, não foi suficiente para que o gerenciamento das finanças do PCC fosse prejudicado. "[Ele] deixou seu secretário cuidando do 'resumo da financeira", informou a PF à Justiça, argumentando pela transferência de Facínora a um presídio federal.
Tráfico e assassinatos
Na época em que traficava crack nas ruas de Curitiba e de cidades próximas, Facínora recebia R$ 100 por noite, como ele mesmo admitiu em depoimento a policiais civis que o prenderam em agosto de 2010.
Meses depois de ser solto, ele foi preso novamente, desta vez por policiais militares, ao ser flagrado com um revólver calibre .38.
Na época seu apelido era Polaco. Investigações da Polícia Civil paranaense o relacionaram ao assassinato de quatro pessoas, sendo três delas mulheres.
O primeiro homicídio foi o de Andressa Michel da Silva, ocorrido em maio de 2009, por causa de uma disputa de um ponto de venda de drogas.
Em novembro de 2010, o agora chefe financeiro do PCC matou Conceição Aparecido de Mello. Ele tinha contratado a vítima para cuidar do quarto que ocupava em uma casa. Ao sair da prisão, teria encontrado o local sujo. Após um bate-boca, Conceição morreu após ser alvejada várias vezes por disparos efetuados por Facínora
Investigadores atribuíram ainda a Facínora as mortes a tiros de Vanessa Faria e Fabrício Board, além da tentativa de assassinato de outra pessoa. O crime ocorreu em julho de 2011 na cidade de Campina Grande do Sul, na região metropolitana.
O Tribunal de Justiça do Paraná informou que Facínora não tem advogado constituído no inquérito que o investiga como chefe financeiro do PCC. Por conta disso, o UOL não conseguiu localizar sua defesa.
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