Multiculturalismo e imigração: o novo rosto dos ocidentais
Deu no New York Times. Pela primeira vez na história dos Estados Unidos, as três principais coroas de misses atribuídas em concursos diferentes -, Miss USA, Miss Teen e Miss América -, foram conquistadas por três moças negras americanas. O jornal salienta que a vitória das três misses nos últimos meses é um símbolo poderoso da evolução dos padrões de beleza americanos, marcados por décadas de racismo.
Paralelamente, num site da comunidade universitária americana, o sociólogo Dudley Poston e o demógrafo Rogelio Saénz publicaram um estudo com um título meio provocador: "A maioria branca americana desaparecerá para sempre". De fato, eles observam que na independência, em 1776, a população branca representava 80% dos habitantes das 13 colônias formadoras dos USA. Com a imigração maciça de europeus, a porcentagem de brancos subiu para 90% em 1920 e se manteve neste patamar até 1950. Em seguida esta porcentagem caiu para 60% em 2018 e descerá para baixo de 50% por volta de 2043. Já no ano que vem nascerão nos USA mais crianças não brancas (latinas, negras, ásio-americanas, ameríndias) do que brancas. Tal evolução se deve à queda da natalidade da população branca e, mais largamente, aos fluxos migratórios. Há nos Estados Unidos pouco mais de 43 milhões de habitantes nascidos noutro país, dentre os quais 82% vieram da América Latina e da Ásia enquanto somente 11% são originários da Europa.
Aliás, em alguns países europeus que recebem muitos imigrantes de outros continentes, a mudança cultural sinalizando a relativa diminuição da população branca ganha outros aspectos. Assim, no Reino Unido, onde Oliver encabeça a lista de nomes dados com mais frequência aos recém-nascidos, o nome Muhammad (ou suas variantes Muhammed, Mohamed, etc.) atingiu em 2017 o décimo lugar da lista. O nome do Profeta também está se tornando bastante popular entre os recém-nascidos da Alemanha. Por detrás deste fenômeno uma realidade bem concreta: a população branca alemã envelhece e a economia do país não se sustenta sem a mão de obra estrangeira.
Nesta perspectiva, uma nova lei sobre a imigração será levada a voto no Parlamento alemão neste ano. O projeto prevê que pessoas qualificadas vindas de fora da União Europeia (UE) ganharão um visa de seis meses, que poderá ser prolongado quando encontrarem um emprego. Refugiados, geralmente vindos da Síria ou do Afeganistão, cujos pedidos de asilo não forem aceites, poderão obter um visa regular se já tiverem um emprego e se estiveram bem integrados no país. Apesar da xenofobia e da ameaça eleitoral representada pelos partidos anti-imigração de extrema-direita, o governo conservador de Angela Merkel continuará implementando uma política de acolhimento de trabalhadores estrangeiros. Segundo dados de órgãos oficiais alemães, pelo menos até 2050 o país precisará anualmente de 400.000 trabalhadores vindos de países exteriores à UE.
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